terça-feira, 25 de março de 2008
Impactos Psicológicos e Sociais da Mastectomia Realizada de Modo Profilático para Evitar o Câncer de Mama
Introdução
A origem do câncer de mama ainda é desconhecida. É sabido que não distingue classes sociais e que é rara em homens (1% dos casos). A faixa etária mais acometida varia dos 45 aos 55 anos, havendo uma tendência, atualmente, ao aumento da incidência nas faixas etárias mais jovens. O diagnóstico precoce é, sem dúvida, o fator mais importante para um bom prognóstico.
Antecedentes familiares (casos na família) de câncer de mama, especificamente na mãe e irmãs, e algumas moléstias benignas de mama, também ajudam a compor os grupos de maior risco. Aproximadamente 10% da população feminina pode ser considerada de alto risco para câncer de mama; no entanto, apenas 30% desta desenvolve a doença.
A mastectomia profilática (cirurgia para a retirada da mama, antes do desenvolvimento do câncer) é a forma mais eficaz de prevenção para o câncer da mama. Uma mastectomia radical (procedimento cirúrgico em que há a remoção de todo o tecido mamário, dos músculos peitorais e uma completa dissecção axilar) bilateral com reconstrução imediata (após a remoção dos tecidos, a prótese é colocada), reduz para praticamente zero a possibilidade de neoplasia (câncer). Este procedimento consiste em uma opção para mulheres que apresentam alto risco de desenvolvimento de tumor maligno de mama. É, entretanto, uma abordagem extremamente radical e de ética discutível.
É mister que o médico proceda a uma avaliação do grau de satisfação e da repercussão da mastectomia radical a nível psicológico e social das mulheres, para a tomar uma decisão apropriada em relação à saúde e ao manejo de suas pacientes.
A mastectomia profilática é preferida apenas por uma minoria de mulheres com risco elevado de desenvolver câncer de mama. Embora cerca de 57% das mulheres que têm alto risco de desenvolver neoplasia de mama relatem a cirurgia radical como uma opção, um estudo mostrou este procedimento como opção real e favorável para poucas mulheres (aproximadamente 16 a 20%). Apenas 9% das mulheres expressaram um interesse pelo procedimento.
Apesar destas informações, ainda não existe relato na literatura acerca do estado psicológico, emocional e social de mulheres que se submeteram a cirurgias radicais profiláticas de retirada das mamas. Um estudo recentemente publicado, em que houve avaliação de quatorze mulheres, demonstrou que estas se revelaram satisfeitas com a decisão de submeter-se à mastectomia profilática, após um período de seis a trinta meses da cirurgia. Borgen e colaboradores encontraram que 5% das mulheres estudadas se mostrou insatisfeita e arrependida com a decisão e realização desta cirurgia como prevenção do câncer de mama.
Um estudo publicado no ano de 2000 pela revista Journal of the American Medical Association (JAMA), demonstrou, através de uma avaliação realizada pela Clínica Mayo, que o procedimento cirúrgico, mastectomia bilateral profilática, diminui a incidência de câncer de mama em, aproximadamente, 90% das mulheres com história familiar positiva para esta neoplasia.
O estudo
Nos últimos tempos, está havendo um interesse sobre as seqüelas psicológicas existentes depois deste procedimento. Entretanto, poucos dados estão disponíveis considerando a satisfação, em longo prazo, e a função psicológica e social após este procedimento.
Para tentar responder a algumas questões inerentes à decisão em se submeter à cirurgia de excisão das mamas como prevenção ao câncer, foi realizado este estudo, que obteve resultados sobre os fatores emocionais, sociais e a satisfação das mulheres, com o objetivo de determinar a eficácia da mastectomia profilática.
Neste estudo, os pesquisadores avaliaram um total de 639 mulheres sadias, ou seja, sem câncer de mama; porém, com história familiar positiva para esta neoplasia, que se submeteram à cirurgia mastectomia bilateral profilática, na Clínica Mayo, no período entre os anos de 1960 e 1993.
Estas mulheres foram divididas em dois grupos; um grupo sendo as mulheres com alto risco (214) e o outro, as de risco moderado (425), baseando-se na extensão da sua história familiar. A avaliação das mulheres foi realizada através da aplicação de questionários previamente formulados.
Nestes questionários foram utilizadas questões com o objetivo de identificar as razões para a realização de mastectomia profilática, como a história familiar de neoplasia da mama, nódulos mamários, fatores psicológicos ou emocionais, aconselhamento médico e outras. Além disso, foi avaliada a satisfação das pacientes após o procedimento e a sua escolha, sua opinião quanto à opção de submeter-se novamente à mastectomia profilática.
Resultados
A decisão de submeter-se a uma mastectomia profilática é uma etapa crucial e irreversível na vida de uma paciente. Nos resultados deste estudo, verificou-se que a maioria das mulheres (70%) ficou satisfeita com o procedimento; 11% deram respostas neutras; e 19% mostraram-se insatisfeitas.
Através deste estudo, foi demonstrado que, em um período de aproximadamente 14 anos após a cirurgia, a maioria das mulheres relatou satisfação e um nível diminuído de estresse emocional acerca do câncer de mama, revelando que provavelmente, escolheriam o procedimento novamente.
Adicionalmente, uma parcela das pacientes não relatou efeitos favoráveis ou nenhuma mudança com relação à satisfação, à aparência física, aos sentimentos de feminilidade, relacionamentos sexuais, nível de estresse e estabilidade emocional. Algumas participantes do estudo apresentaram respostas negativas quanto ao procedimento.
Nos resultados, verificou-se que 94% das mulheres responderam o questionário. A justificativa mais citada neste estudo, para a realização de mastectomia profilática, foi a história familiar. Aproximadamente 82% das mulheres que participaram desta pesquisa apontaram mais de um motivo para a realização do procedimento.
Os principais fatores desencadeantes da cirurgia foram a história familiar, o aconselhamento do médico e a presença de nódulos mamários.
Os estudiosos concluíram que os resultados psicológicos e sociais, subseqüentes à cirurgia radical, se mostraram favoráveis. Porém, estes devem ser analisados em relação à irreversibilidade da decisão em realizar o procedimento, das possíveis complicações com os implantes (próteses) e da ocorrência de alterações emocionais em algumas mulheres.
Fonte: Journal of the American medical Association (JAMA) 2000; 284:319-324
Copyright © 2000 eHealth Latin America 29 de Agosto de 2000
Mastectomia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mastectomia é o nome da cirurgia de remoção completa da mama. É um dos tipos de tratamento cirúrgico para o câncer de mama.
Existem muitos tipos de mastectomia são elas:
o Mastectomia radical a Halsted consiste na retirada da glândula mamária, associadas à retirada dos músculos peitorais e a linfadenectomia axilar completa. Atualmente é um procedimento incomum, devido à alta morbidade a ela associada e a resultados bastante satisfatórios de técnicas mais conservadoras (Chaves, 1999).
o Mastectomia radical modificada consiste na retirada da glândula mamária e na linfadenectomia axilar, com preservação de um ou ambos os músculos peitorais. Constitui o procedimento cirúrgico realizado na maioria das pacientes com câncer de mama nos estádios I, II e III. Este procedimento é indicado: na presença de tumor acima de três cm, sem fixação à musculatura; em pacientes com recidiva após tratamento conservador; ou que apresentem qualquer condição que as tornem inelegíveis ao tratamento conservador; e em pacientes que não concordem com a preservação da mama (Franco, 1997; Marchant, 1997). É denominada de mastectomia radical modificada Patey, quando ocorre a preservação do músculo grande peitoral. Quando os dois músculos peitorais são preservados, é chamada mastectomia radical modificada Madden.
o Mastectomia total simples: consiste na retirada da glândula mamaria, incluindo o complexo areolar e aponeurose do músculo peitoral. Os linfonodos axilares são preservados. É indicada nos casos de: carcinoma ductal in situ; recidiva após cirurgia conservadora; lesões ulcerativas em pacientes com metástases a distância onde o controle local promove melhor qualidade de vida; pacientes idosas com risco cirúrgico elevado ou que não possuem adenopatias axilares palpáveis ou evidência de doença a distância; e em pacientes selecionadas para tratamento profilático (Marchant, 1997).
o Mastectomia subcutânea: Consiste na retirada da glândula mamária, conservando os músculos peitorais e suas aponeuroses, pele e complexo aréolo-papilar. Por deixar tecido mamário residual com possibilidade de alterações hiperplásicas e degeneração maligna, seu uso é bastante questionado (Franco, 1997). Segundo Marchant (1997) uma série de complicações são associadas a este procedimento, incluindo hematoma e subseqüente fibrose, não devendo ser empregado no tratamento do câncer de mama. Como tratamento profilático, seus resultados são inferiores ao da mastectomia simples.
